Era de tarde e a conversa estava meio controversa. O que se queria dizer, morreu silenciosamente entre olhares perdidos e linguagens corporais subentendidas. E ele decidiu: "Vou embora!".
Depois de um longo tempo engrossando o ambiente com um obscuro silêncio e respirações profundas, aquela declaração fez o coração dela tremer por completo. "Por que?" - perguntou a mulher com uma enorme dificuldade de atravessar a frase por entre os nós na garganta.
Um pouco inconformada levantou-se, pegou a chave e foi abrir o portão para ele...
Não era para todo o bom momento terminar tão tragicamente, porém, o dia ainda não havia terminado. E então, antes de virar-se e partir ele perguntou:
- Quer mesmo que eu vá?
# "Eu disse que queria que você fosse? - ela respondeu.
- Você abriu o portão para mim.
# E você decidiu ir.
- Então você quer que eu fique?
# O que você acha? - disse ela com um olhar cabisbaixo.
Então, como uma imensa tempestade ele a puxou e a beijou de forma terna. Aqueles segundos se eternizaram, o chão ficou tão leve e o som quase sumiu. O mundo perdeu o sentido, fazendo sentido apenas existir. Respirar o mesmo ar e dividir aquele momento. Permitir ter tudo em vez de sufocar-se em nada. Ela sorriu, ele decidiu ficar e muitos outros beijos se fizeram em um olhar.
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