Sobre as redes sociais

Nos moldamos às novas tecnologias e assim estabelecemos uma vida. Não adianta querer forçar a barra pra tentar viver no mundo de hoje como se vivia há 20, 30 ou 40 anos atrás. As coisas sempre mudam. A sociedade sofre mutações e assim se constrói uma história, que amanhã será tão caduca quanto o hábito de se mandar cartas via correio para perguntar a algum parente que está a quilômetros de distância se ele está bem. A sociedade evolui e a mentes, hábitos e atividades cotidianas evoluem com ela. Não dá pra criticar as redes sociais como o vilão e culpá-las porque os seres humanos que as utilizam não sabem priorizar determinadas coisas e organizar seu tempo para fazer outras coisas, em vez de fazer dela seu refúgio 24h e dane-se o universo. Creio que no momento que criaram o telefone as pessoas na época também devem ter pirado o cabeção. Se bem que pra possuir uma linha antigamente era artigo de luxo e só ricos tinham condições. Mas foi assim com os aparelhos celulares também,  notebooks, tablets, câmeras digitais, entre outros. Por fim... Tornou-se bem* comum, acessível e sem muitas restrições. E essa ladainha toda é pra dizer que no nosso atual modelo de sociedade apps simples como é o caso do whats facilitam muito a vida. Pra quem usa o app apenas pra lazer é tranquilo, mas têm pessoas que precisam dele por motivos profissionais. Então não acho que àqueles que estão "chorumelando" em outras redes sociais são idiotas viciados. Vejo pessoas realmente preocupadas em perder a comodidade e auxílio que a tecnologia proporciona nos meios profissionais. Cada um enxerga essa situação pelo que lhe parecer mais agradável, no caso, limitando-se ao próprio umbigo. Continuem criticando... É isso aí mesmo... "Cada um que abane o seu carvão", já que se colocar no lugar do outro é tão difícil.
#boanoite

Sobre quem somos

Somos dois estranhos coexistindo em nossos perfis gélidos ora online, ora offline. Duas cabeças extremamente complexas no teor de nossas simplicidades. Comedidas, entediadas, saturadas do mundo. Abrimos nossos olhos preguiçosos para uma janela pequena, onde me imagino dentro de um olhar, um abraço ou um sorriso que sempre falta após um boa noite ou um bom dia vazios de presença. Não deveria estar escrevendo sobre nossas ausências e a falta que me faz ver teus lindos olhos, mas essa minha doença não tem cura... Meu tratamento é escrever. Como odeio me sentir assim. Tão racional que sou, me perdi em mim. Algemei minhas palavras, mas os sentidos permanecem aguçados, dependentes e ligeiros. Vou surtar eu acho, ou melhor, já surtei tenho certeza. E te levei junto na minha insanidade, te contorcendo em dez de você. Te fazendo ser em prosa uma palavra sem rima. Solitária e sem vida. Mas está ali, aguardando os sufixos perfeitos, as analogias mais imbecis ou somente um fiasco de saudades preenchida no calor de um: "você faz falta também". Mas enquanto escrevo e meus dedos suam... Continuamos nessa troca muda de palavras,  sem o som agudo e singelo das suas brincadeiras bobas que tanto me fazem rir. Dois estranhos sérios, rígidos e esquecidos que complacentes assistem algo tão bonito ruir. Está ruindo? Não me deixe aqui pra assistir! Queira Deus ou as constelações que nos assistem nesse cenário 3x4, que nossos opostos não se descruzem, que nossos abraços não se afastem, que nossa pirraça faça parte de alguma piada sem graça. Que passe. Sobreviva ao caos. À poeira misturada na sujeira. Aos vendavais do inverno que atracou em nosso cais. Te faça meu verso, um pouco mais e vá além de um simples "até mais".

Inpirado em uma história real.

Sobre o que escrevo

Abro o bloco de notas e fico ali, parada, olhando fixamente pra tela pensando em como colocar em palavras o que é abstrato. Difícil iniciar qualquer coisa, por que seria diferente com esse texto? Não há nada mais irritante do que sentir e não saber como ou com quem dizer o que se passa. O relógio marca 3h42am e a barriga pesa, o calor aumenta e óbvio,  dormir está fora de cogitação. "Comi demais" - penso - "Deveria ter deixado pra depois", endosso. E assim, começo a escrever mais um texto sem sentido pra minha coleção de baboseiras. Não possuo pauta, temas, vou sentindo... Transferindo. Grande parte da lógica que se procura lendo estas linhas vazias de conhecimento, nunca se encontra. E se você encontrar, por favor, me avise! (risos) Talvez, isso me ajude a resolver meus problemas de insônia, encontrar o sentido da vida ou até quem sabe, ganhar na loteria. Mas nada me ajuda mais do que apenas escrever, tudo de alguma maneira está ligado em meio o que aparenta ser desconexo. Nesses momentos ouço minha respiração mais alta, como se respirasse em meu próprio ouvido. Ao fundo ouço menos nítido o som do ventilador, das portas batendo (outros zumbis circulando por aí), e a minha saliva sendo engolida. Ouço meus cabelos em atrito com o travesseiro enquanto meus pensamentos ficam se degladiando por um espaço mais em evidência que o outro. E me viro pra lá, pra cá, encolhe, estica, barriga pra cima,  de bruços, mão na perna, embaixo da cabeça. Não pera! Ficou dormente. Segundos de pânico e agonia. "Não sinto meu braço, socorro, vou ter que amputar?" - penso isso quase que de forma insana enquanto o sangue volta a circular gradativamente,  me dando assim,  sinais claros que meu drama é pura idiotice. Escrevo minhas ciladas, derrotas, alegrias, agonias. Escrevo porque ainda não descobri como aplacar a solidão de mim mesmo, ainda não me aprendi e quando escrevo me ensino, me redescubro... Ou me perco de uma vez.

Sobre as ambiguidades

O que te torna melhor, superior? O fato de ter um livro, ou o poder de lê-lo? O que te torna mais belo, o laçarote na caixa ou o conteúdo dentro dela? O que faz de você rico, a quantia na conta bancária ou as taxas normais em exames de rotina? O que te faz feliz, ter alguém que te ame ou esse alguém ser você mesmo? O que te faz enxergar, nenhuma dificuldade visual severa ou a habilidade de se ater a detalhes que outras pessoas não prestam atenção?
A vida é cheia desses corre-corres e não resta muito tempo para se pensar no por que se vive e o que estamos fazendo com nosso precioso tempo. Mas precisamos dessa pausa, nos indagar o por que de certas coisas mesmo que não hajam respostas. Repensar nossos valores e se tudo o que sempre acreditamos é mesmo a verdade inteira ou só um ponto de vista de terceiros que passou a ser nosso por simples negligência de se pensar e perguntar sobre tudo. Somos donos da verdade? Por exemplo, há quem veja as horas de trabalho como perda de tempo e energia gasta desnecessariamente, no entanto, há quem veja esse desperdício em duas ou três horas de lazer em frente um playstation. Um grupo dirá: "Capitalismo, escravidão contemporânea, bitolados" e outro grupo dirá: "Vagabundos, nerds, acomodados e inertes". E o respeito... Na lata de lixo. As pessoas são diferentes, isso não é novidade. Mas não entendo por que travamos certas guerras idiotas com os outros querendo obrigá-los a ser, agir e pensar como nós. É certo isso? Ou melhor, é justo? Todo mundo já cometeu esse erro alguma vez na vida, e às vezes vêm acrescido de nossos julgamentos do que é certo ou errado. Conclusão: somos idiotas, fazendo idiotices e cagando com os nossos relacionamentos por muitas vezes não respeitarmos o outro como são ou querem ser. Se trans, homo, hetero, marijuana, louco do arrocha, crente fanático ou metaleiro tr00... Independente das crenças, cor de pele e costumes precisa haver respeito. Não importa, deixemos o mundo das pessoas em sua perfeita órbita e nos metamos com nossa própria vida medíocre.
Pois, o que nos torna melhor que os outros?
Nada, absolutamente nada.

Sobre as mentiras

Mentiras por si só são ruins, afinal, quem gosta de ser enganado? Mas pior que isso, são os "arsenais" de várias outras que se contam para se manter uma única, medíocre e doentia mentira. E você, indignado por ver que o outro tenta te fazer de idiota se pergunta: Por que chegar nesse ponto? Por que não ser apenas verdadeiro quando as verdades por si só bastariam?
Não sei se existe algo que eu deteste tanto quanto isso... Talvez tenha, mas no momento não consigo me lembrar. Minhas pernas tremem, as mãos suam e ficam geladas e cada palavra que ouço sair da boca de um mentiroso penetra-me como facadas no estômago. É indigesto. Insuportável. Não sei como reagir... E não reajo. Me estapeio com as palavras e as engulo como fel, dói. Dói como a mais cruel das maldades. Fere fundo a alma e eu definitivamente não tenho o que fazer... Não sei lidar com isso e provavelmente nunca saiba.

Sobre dormir mal

Hoje é um daqueles dias em que se acorda tendo dormido pouco e mesmo assim, você está descansado. Não digo fisicamente já que o corpo sempre pede algumas horas a mais em uma cama fofinha, mas mentalmente tudo volta à sua harmonia. Como se o cronômetro do medo, desespero e até angústias da noite anterior zerassem por completo dentro de você. Qual será o grande mistério do sono? E por que mesmo quando tão escasso consegue nos fazer esse bem maravilhoso de nos lavar a alma?
Existem pouquíssimas coisas das quais não conseguiria viver sem, e uma delas é dormir. Consigo passar minhas férias praticamente inteiras hibernando igual um urso e isso pra mim é "curtir", rs. Gostaria que esse efeito se prolongasse durante o dia, em todas as horas, minutos e segundos em que eu estou andando pra lá e pra cá tentando aplacar a ansiedade, os medos, preocupações e tristezas. Mas não... Nada vai embora, fica bem aqui entalado,  entre o coração e nó na garganta... Difícil medir o grau de sufocamento, só sei que se intensifica com o passar do dia. Meu escape são as refeições, sensação passageira de alegria, alívio e algum conforto. Quando termino, tudo se retorce. "Quero vomitar!" - penso. Mas não consigo... E essa náusea misturada com frio na barriga me persegue por um bom tempo, até que eu me esqueça, que digira... E o mesmo vazio do peito se harmonize com o vazio do estômago. Melhor não comer - não sei. Será? Enfim... A tarde dá lugar à noite e de alguma forma, meu coração se consola. Penso: deitarei, dormirei profundamente e me esquecerei. Mal posso contar com a insônia que ironicamente se agarra aos meus olhos e mentes e não me deixa sossegar. Maldição! Mas será possível? Tento controlar meu descontentamento, me enrolo com um livro, música e esse bendito celular. Adianto algum trabalho, organizo alguma coisa inútil e "pá" eis que o adorável sono surge. Mas já são três da madrugada e você levanta às 6h00 pra trabalhar. Meu Deus, só 3 horas de sono? Mas relaxe... Amanhã também será um daqueles dias em que se acorda tendo dormido pouco e mesmo assim, você está descansado - diz você tentando acreditar na mesma mentira do dia anterior.

Por Wanessa Pimentel.

Sobre não ser

Você já se sentiu um produto? Pois é,  então não deve imaginar como é se sentir uma embalagem descartável. Daquelas que - digamos assim, a grosso modo - são bonitinhas, porém, inúteis. Destino? Lixo, você deve ter pensado. Acertei? Não. Não é o lixo, é vala, chão,  rua, esgoto, alguma viela abandonada ou quem sabe um rio poluído. Se, e somente se, por alguma benesse do destino fosse para o "lar" de todas as "embalagens descartáveis", restaria quem sabe um pouco de dignidade. Um fio de misericórdia poderia me resgatar da inutilidade em forma de catador que recicla. Sendo reciclada, ora, reencarnada em forma de produto poderia eu ter alguma chance de protagonizar o sentimento de importância na vida de alguém? É... Eu sei, pretensão demais acaba nos frustando. Mas pretender o que de uma vida cheia de migalhas? Tirar a gase e deixar a poeira entrar, bactérias e sujeiras. Deixa inflamar mais. Sentimento podre de autocomiseração. Eu te odeio! Quer saber? Deixa apodrecer, necrozar, perder para então se importar. Não importa mais por quantas vezes fui parar jogada por aí... Uma embalagem bonita que não é útil à ninguém, talvez seja aos pobres filhos imundos da amargura. Crianças feridas amargamente pelo karma de uma vida sem alegrias e que, ao se deparar com uma embalagem qualquer com dizeres sem significado mas de cores bonitas... Torna-se um brinquedo, um presente, ganha a admiração dos mais requintados quadros e o carinho do mais nobre amor: aquele que te enxerga além da sua utilidade, te ama além das caricaturas... Te vê como você é e ainda assim, te dá valor.


Por Wanessa Pimentel.

Sobre aniversários

Nunca mais consegui me empolgar com festas de aniversários, além da comida não passa de um dia comum. Crime? Não. Mas as pessoas se ofendem se você estiver com cara de pamonha sem sorrir muito caso inventem alguma coisa parecida com festa. Me desculpem por ser assim, mas como diria um amigo: "não sou obrigada"!
Existem tantas lembranças de dias 25 de outubro que eu prefiro até deletar a maioria. Penso na infância e o quanto dias assim se tornaram traumáticos,  se esperava sempre algo muito divertido e mirabolante que no fim... Era uma chateação só, bagunça pra limpar e o pior, ser ignorado na própria festa haha. Cômico, irônico ou trágico? rs
Todo ano me perguntam:
Porque odeia festa de aniversário? Responderia de tantas formas, mas a principal é: porque festas são pras pessoas curtirem e não você. Eu gosto de aniversários, dos outros .-, Lembro do meu aniversário de 18 anos e hoje eu dou muita, muita risada! Mas serviu pra eu aprender a nunca mais fazer algo assim. Imagine só você fazendo aniversário mas a "galerê" se reunir num grupinho e ficar conversando horrores e você de fora, deslocada. E pra piorar... Dando uma de garçom. Louca da vida. Puta da cara. Com vontade de expulsar todo mundo ou sair fora e ir pra qualquer lugar ficar sozinha. Tinha muita gente querida pra mim, mas não me senti querida por quase ninguém. E como em um filme eu observava a situação como se fosse uma festa de qualquer pessoa menos minha. Mas sacoméné, eu era muito iludida da vida e nem sequer me lembro das pessoas que tive raiva, hahaha, sorte delas. Mas me lembro bem das que me abraçaram, ajudaram a arrumar tudo e não apenas me desejaram "tudo de bom" tentaram fazer daquele dia algo no mínimo agradável.
Então, se desejam mesmo algo e isso for de coração... Que seja assim sempre, ninguém precisa de palavras vazias pra amaciar o ego. E reconheço que não sou uma pessoa de muitos amigos, tampouco me esforço pra agradar a tod@s a troco de uma popularidade fajuta. Eu sou isso aí mesmo e se não curte, tranquilo, ninguém é obrigado e isso faz parte da vida. Só não me venham com falsidades, blz? Me dêem isso de presente: a boca fechada.

SOBRE ESTA CASA

A casa não está vazia, está cheia de saudades.
A mobília nunca mais saiu do lugar; desde que Você partiu tudo está do mesmo jeito, exceto pelo cheiro de mofo, poeira... Ausência. Embora eu tente vez ou outra enfeitar meus vasos com flores, dar um pouco de alegria pra tudo que está tão triste, tudo é vão. Os vasos sempre estão rachados e as flores, estas parecem não sobreviver aqui dentro por mais que derrame tanta água. Queria ter um pouco de alegria novamente, ouvir Tua voz pelos corredores desta casa, encher todo o ar com a música dos Teus lábios, ter novamente o refrigério que só a Tua presença traz. Paz. É muito tarde para te escrever este texto? Ainda estou aqui, eu sei... E te evitei por tanto tempo. Me escondia de quê? Poderia? Seus olhos me rastreiam, me encontram e me vêem como um scanner... Nada está encoberto. Sequer consegui esconder minhas lágrimas, quem dirá o sentimento maior que carrego aqui. Bem aqui dentro, eu sei, é a Tua morada e de mais ninguém. Entre sem bater, limpe tudo o que quiser, reforme, transforme... Porque só faz sentido ser morada, Daquele por quem fui comprada...

RELÓGIO

A vida passa ligeiramente em zilhões de minutos não valorizados. Um dia você acorda e percebe que já se foram dez anos e estes te deram de presente não apenas menos tempo, como maravilhosas rugas (rs). Acho que essa é a síntese da vida de várias pessoas (incluindo eu), tempo perdido.
Tempo perdido é exatamente o que acontece quando sento aqui para escrever sobre o próprio tempo. Texto este que fará outras pessoas perderem o tempo delas lendo sobre a perda de tempo. É mais ou menos o que acontece quando o ônibus percorre metro a metro à 20 km/h as avenidas engarrafadas desta cidade quente, enquanto um compromisso te espera do outro lado. É o acontece também, quando você engole o almoço para ganhar alguns minutos e nem se dá conta do cheiro, sabor ou sensação de estar comendo algo tão bem preparado. Você só sente uma massa escorregando pela garganta e torce pra que "aquilo" sossegue teu estômago durante várias horas.
Não deveríamos apenas deixar as coisas acontecerem? Mas perdemos o prazer nas pequenas coisas quando deixamos de valorizá-las. Sempre estamos querendo antecipar tudo, ou como diriam nossas avós "colocar o carro na frente dos bois", "meter os pés pelas mãos", enfim... Deveríamos estar simplesmente satisfeitos quando temos tempo "de sobra", porque férias significa quase isso: ter tempo pra coisas muitas das vezes inúteis, como por exemplo, pensar em como é que se fabricam as paçocas... Emoticon colonthree ? Mas não, nossa preocupação com os minutos que precisamos economizar não nos permitem viver estes minutos inúteis da forma que se deve, plenamente eu diria. Então, chegará um dia em que olharemos o espelho e veremos que além dos dez anos, se passaram mais quarenta de uma vida vivida mediocremente (espero que essa palavra exista). E é por aí... O ciclo continua... Até a gente não conseguir mais enxergar direito, ou caminhar de forma segura, todos os nossos anos não estarão mais em nossas rugas mas por todo o nosso corpo... Uma carcaça velha e frágil, muita das vezes incapaz de caminhar sozinha. Então seremos crianças novamente, precisando do auxílio de outros pra executar tarefas simples do dia a dia, como por exemplo, sentar aqui... E escrever.

Sobre minhas infinitas desculpas...

É certo que todos têm problemas na vida e discutir sobre eles com alguém pode resultar numa eterna disputa de "quem carrega a cruz mais pesada". O fato é que: só sabe o peso das aflições quem as sente e qualquer processo em que a pessoa tente transmitir o que se sente a outra, é em vão. Impossível penetrar na mente de alguém e ver a vida com os olhos de outra pessoa, sobre outro prisma e perspectivas, experiências, sentimentos... que não são seus.
O que dizer quando você não tem mais o que dizer? Quando as desculpas acabam e seus amigos não perdem apenas a paciência com você, mas totalmente o interesse em querer saber o acontece com sua mente e porque você age como um completo idiota.
Isso tem acontecido há anos, e é certo que ainda vai acontecer muitas e muitas vezes. As únicas amizades que resistiram ao tempo, foram aqueles que me deram a chance de tentar ser eu - desse meu jeito estranho. Mas isso me incomoda às vezes, e tem me incomodado mais ainda por afetar várias pessoas próximas... Esse meu jeito frio e esquisito com que me afasto, sem motivos algum ou explicações palpáveis. Eu nem sei ao certo porque ajo assim... Eu só... Ajo assim. Então as pessoas te procuram, porque óbvio, a consideração, o respeito e o afeto é mútuo, mas você não consegue mais se manter próximo. Você literalmente SOME. Como se apagasse do mapa seus registros diários de conversas, mensagens e aquelas ligações no meio da semana. Ocasionalmente, por te considerar alguém importante, seus amigos irão te cobrar mais presença e reclamar que sentem a sua falta e você parece não dar a mínima... Mas isso é o que eles conseguem enxergar, e estão bem certos do que dizem, mas você sabe que nem tudo é simples assim.
Você tenta se explicar, como se isso fosse mudar alguma coisa... Eventualmente vão ignorar a raiva que estão sentindo de você e te dar segundas chances, até o ponto que se cansam de esperar por alguma ação da sua parte. E você está lá... jogado em algum canto pensando o quanto você é imbecil e incapaz de manter uma amizade que provavelmente você jamais vai encontrar igual toda a sua vida.
Então você pára pra refletir e descobre que seu problema não meramente superficial e simples de resolver, que a última consulta com a psicóloga agora faz todo o sentido e que você precisa de algo mais do que só desculpas.
Mesmo que seja estranho estar nesta situação de "reversão", é extremamente necessário que isso aconteça. Caso contrário, você terá novamente 10 anos de idade, estará brigando com os mesmos "monstros" da pré-adolescência, tentando entender como raios a depressão te alcançou novamente. É difícil ser lógico quando só o que você pensa é: "tenho que fazer isso, aquilo e aquilo"... Mas no fim, você acaba sentado/deitado/jogado em algum lugar dizendo pra si mesmo: "Amanhã eu faço"... E nada acontece.

E as pessoas se esquecem...
Você deixa pra lá...
E tudo volta a ser como sempre foi:
Você - sozinho.

VOO DISTANTE

Em um dia 29 de fevereiro meus pés pisaram pela primeira vez nestas terras nordestinas; para mim, que havia ido no máximo até o sudeste, conhecer o outro lado do Brasil foi uma experiência muito interessante. O que mais me afligia não era a distância do voo, mas o fato de não saber quando eu voltaria. Sentia tristeza e um receio enorme rodeando minha mente, mas encarei de frente, tentei levar da melhor forma possível aquela ruptura com minha terra natal e, mesmo contrariada (indignada, revoltada), aproveitei a mudança de cidade, para mudar também. E agora, praticamente dez anos depois, pouco me lembro daquele menina de 14 anos introvertida, "do metal" -haha, e viciada em tocar teclado e jogar. E sinto saudades daquele tempo em que minha maior preocupação era tirar notas azuis em matemática e que minha tristeza era não poder jogar basquete todos os dias. E talvez isso seja a vida, não viver tentando manter os mesmos conceitos e ideias, mas mudar sempre... Ser "uma metamorfose ambulante". Não ter medo de pensar diferente, ter opiniões novas, aprender com os outros... Amadurecer mesmo quando pensamos que já estamos maduros. Foi um voo distante até aqui, durou muito mais do que seis horas, duraram anos tentando me adaptar, entender, dialogar, me inteirar da cultura, me sentir parte daqui. E criei raízes, esperanças, expectativas... E enquanto todos aqui almejam o mesmo processo de mudança que fiz aos 14 anos, eu só queria, depois de tanto tempo me sentindo uma intrusa... Ficar quietinha no meu canto. Deve ser por isso que boa parte das pessoas têm viajado pra Curitiba e me perguntam: "Por que você não volta pra sua terra?" e eu penso: - Eu não sei mais o que é minha terra, não tenho nada que possa chamar de meu. A única coisa que sei é que, se algum dia eu tiver que sair daqui... Não será como da última vez, contrariada, triste e cheia de medos... Se eu tiver que partir será por decisão minha e não de terceiros.

Não vou sentir aquilo de novo.

De um louco apaixonado, para sua Maria.

Teu nome, Maria.
Teu nome é desavesso, mas quando cala, é complicada. Tudo fica indigesto, vira prego solto embaixo dos meus pés, e eu me atormento com sua fúria vinda bem de dentro desses seus olhos negros, então, fujo para o convés. Respiro bem baixo, rezando pra você não me encontrar...
Teu nome é agonia, em meios os tristes dramas que me impõe, com essas suas artimanhas em palavras, és minha única calmaria. Torna-se uma doce dama e eu perco o meu sossego, me enfraqueço com a tua voz... Se não fosse minha cura, me mataria.
Traga-me tuas ondas quebrando cheias de espumas, você tem cheiro de barco à deriva, és um perigo anunciado... E eu, eu sou um louco... Apaixonado.

Sobre o que sei

Pelo que sei, o que sei ainda é pouco pra tentar explicar ao outro o que julgo saber. Aí está a grande graça de continuar a aprender e ter a plena convicção de que ainda há muito mais para entender, saber. Sei que não deveria, mas julgo pelo que observo, tipo: "como saber que não gosta de determinada comida se nunca provou?", e eu penso: "bom, é porque não se trata necessariamente do gosto, mas até mesmo do cheiro ou aspecto que me lembra de algo que detesto", e da mesma forma que seleciono o que como, passei a selecionar as pessoas... não necessariamente pelo que dizem ser, mas pelo "cheiro e aspecto" que deixam nas consequências do que são. Mas é como eu já disse... o que sei ainda é pouco. Por enquanto... Estou só observando... Vendo como algumas pessoas se rastejam ardilosamente como víboras armando seu primeiro bote... Deixo meu calcanhar exposto, deixou salivarem com o frescor do veneno na ponta das presas... Deixo pensarem que nada sei.