Eu sou Corpo.


Parecia tão óbvio, mas somente depois de tantos anos pude compreender. A resposta dita e repetida tantas vezes, não tinha valor de resposta. Então de repente, como se tivessem apertado um botão vermelho em minha mente, tudo passara a fazer sentido. Como uma cortina que se abre lentamente, como uma água sendo purificada, consegui entender o verdadeiro sentido de estar aqui. Ouvi a história dos policiais e bombeiros que corriam de encontro às torres gêmeas em ruínas, tentando ajudar as pessoas, enquanto todos simplesmente corriam de pavor, de medo, tentando salvar suas próprias vidas. Fez-se a analogia com a missão da igreja no mundo, enquanto ele desmorona e todos fogem de tentar ajudar e salvar quantos puder, existem aqueles que correm em direção ao caos, tentando resgatar pessoas, mesmo que essa atitude teoricamente insana custe sua própria vida. Ouvi calada, degustando cada sílaba, processando cada vírgula, me alimentando de uma verdade incontestável - a igreja também tem se tornado um prédio em ruínas. Pessoas têm desmoronado, morrido, se perdido em meio os gritos e poeira nos olhos... Pessoas tem caído todos os dias, em várias partes do globo. Mas há aqueles que procuram ser o sustento uns dos outros, suportando em amor como diz a palavra, sendo luz em meio tanta escuridão e cauterização no coração. Fui aquecida por aquela ministração, senti esperança como há muito tempo não sentia, pude contemplar de forma doce o agir do amor de Deus em cada momento. Para muitos, pode ter sido apenas mais um culto... Para mim, foi uma das maiores descobertas dos meus vinte e dois anos de vida. Entendi que não vou à igreja para simplesmente me sentir bem e ser edificada, e se isso não acontece, eu reclamo. Compreendi que há maior grandeza em ser igreja, do que estar em uma. Temos o papel de servir e edificar, porque somos parte de um mesmo corpo, e se isso não acontece... O que eu sou afinal?

Era só isso.

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