Sobre o que escrevo

Abro o bloco de notas e fico ali, parada, olhando fixamente pra tela pensando em como colocar em palavras o que é abstrato. Difícil iniciar qualquer coisa, por que seria diferente com esse texto? Não há nada mais irritante do que sentir e não saber como ou com quem dizer o que se passa. O relógio marca 3h42am e a barriga pesa, o calor aumenta e óbvio,  dormir está fora de cogitação. "Comi demais" - penso - "Deveria ter deixado pra depois", endosso. E assim, começo a escrever mais um texto sem sentido pra minha coleção de baboseiras. Não possuo pauta, temas, vou sentindo... Transferindo. Grande parte da lógica que se procura lendo estas linhas vazias de conhecimento, nunca se encontra. E se você encontrar, por favor, me avise! (risos) Talvez, isso me ajude a resolver meus problemas de insônia, encontrar o sentido da vida ou até quem sabe, ganhar na loteria. Mas nada me ajuda mais do que apenas escrever, tudo de alguma maneira está ligado em meio o que aparenta ser desconexo. Nesses momentos ouço minha respiração mais alta, como se respirasse em meu próprio ouvido. Ao fundo ouço menos nítido o som do ventilador, das portas batendo (outros zumbis circulando por aí), e a minha saliva sendo engolida. Ouço meus cabelos em atrito com o travesseiro enquanto meus pensamentos ficam se degladiando por um espaço mais em evidência que o outro. E me viro pra lá, pra cá, encolhe, estica, barriga pra cima,  de bruços, mão na perna, embaixo da cabeça. Não pera! Ficou dormente. Segundos de pânico e agonia. "Não sinto meu braço, socorro, vou ter que amputar?" - penso isso quase que de forma insana enquanto o sangue volta a circular gradativamente,  me dando assim,  sinais claros que meu drama é pura idiotice. Escrevo minhas ciladas, derrotas, alegrias, agonias. Escrevo porque ainda não descobri como aplacar a solidão de mim mesmo, ainda não me aprendi e quando escrevo me ensino, me redescubro... Ou me perco de uma vez.

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